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por Fabricio Vieira, fundador da Casa Movere 

Nas últimas décadas, as empresas têm buscado tornar seus processos seletivos mais justos e eficazes. Ainda assim, por mais estruturadas que sejam as etapas, é o olhar humano que decide. E todo olhar carrega histórias, crenças e vieses. 

O viés inconsciente é uma tendência automática do cérebro de fazer associações rápidas com base em experiências anteriores, padrões sociais e estereótipos culturais. Ele se manifesta em detalhes sutis: no tom de voz que inspira empatia, no currículo que desperta curiosidade, no candidato que “lembra alguém confiável”. 

É nesse contexto que a entrevista por competências se torna mais do que uma técnica de avaliação. Ela passa a ser um instrumento de equidade. 

Enquanto entrevistas tradicionais se apoiam em impressões e percepções vagas de “fit cultural”, a entrevista por competências se ancora em comportamentos observáveis. 

Ao solicitar que a pessoa descreva situações concretas do passado — ex: “Conte sobre um momento em que precisou resolver um conflito entre colegas” — o entrevistador desloca o foco do julgamento pessoal para a análise de evidências. O que a pessoa fez, como reagiu, que resultados obteve e o que aprendeu. Esse método reduz o espaço para interpretações baseadas em aparência, sotaque, gênero ou origem, trazendo mais consistência e comparabilidade entre candidatos. 

Mas a técnica, sozinha, não basta. De nada adianta um roteiro bem desenhado se quem o conduz não estiver preparado para reconhecer as próprias lentes. 

A verdadeira potência das entrevistas por competências surge quando o entrevistador entende que viés não é falha moral, e sim um reflexo humano que precisa ser reconhecido, nomeado e regulado. Isso exige prática de escuta, presença e curiosidade genuína. Três atitudes que não se aprendem em um manual, mas em processos contínuos de sensibilização e autoconhecimento. 

Em nossos workshops na Casa Movere, entendemos que quando líderes e profissionais de RH se percebem como parte ativa desse processo, algo muda. A entrevista deixa de ser uma triagem e se transforma em um encontro entre duas histórias humanas, mediado por método e guiado por consciência. 

Mitigar vieses não é apenas uma questão técnica, é uma escolha ética. É compreender que a diversidade não floresce sozinha. Ela precisa de espaços preparados para acolher o diferente e de pessoas dispostas a enxergar além do próprio reflexo. 

A entrevista por competências, quando bem conduzida, torna-se um espaço real de transformação. Um passo concreto na construção de culturas organizacionais mais inclusivas, conscientes e humanas. Se você ou sua empresa desejam avançar nessa direção, entre em contato conosco. Será uma alegria apoiar esse movimento.