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por Fabricio Vieira, facilitador de aprendizagem e fundador da Casa Movere 

Perdeu o emprego? O namoro não deu certo? Sua equipe não performou? Então, é porque faltou inteligência emocional. Basta dar uma passeada pela internet que vão borbulhar influencers, “life coaches” e uma infinidade de pseudocelebridades “experts” em   colocar a culpa na sua falta suposta falta de controle emocional. Mas você sabe mesmo de onde nasceu esse conceito e do que realmente se trata? 

Vamos  buscar na origem, de quem desenvolveu essa teoria: inteligência emocional é uma habilidade complexa e multifacetada, que envolve um profundo entendimento das próprias emoções e com quem você se relaciona para ter relacionamentos saudáveis e  construtivos. 

É um tema fascinante e trata-se muito, na verdade, de adaptação. A teoria foi criada na década de 90, pelos psicólogos Peter Salovey, atualmente reitor da Universidade de Yale, e John Mayer, hoje professor de psicologia na Universidade de New Hampshire. Seus trabalhos expandem nosso entendimento sobre a interação entre emoção e cognição. Para eles, a inteligência emocional é a habilidade de perceber, avaliar e expressar emoções de maneira eficaz. Essa capacidade envolve não só a compreensão das próprias emoções, mas também a habilidade de lidar com as emoções dos outros. 

Segundo os teóricos, a adaptação é uma habilidade essencial, e as emoções são parte integrante desse processo. As emoções surgem em resposta a situações críticas para nossa sobrevivência, muitas vezes ativando reações automáticas em nosso cérebro. Esse vínculo entre emoção e adaptação é essencial para entender como nossas emoções nos ajudam a enfrentar desafios diários. A inteligência, por sua vez, pode ser vista como uma capacidade geral de adaptação, onde emoções e cognição trabalham em conjunto. 

Também colaboraram para o estudo desse tema os psicólogos Carol Gohm e Gerald Clore: Gohm, especialista em psicologia da personalidade, e Clore, conhecido por suas pesquisas em emoções e cognição. Eles trabalham com o conceito de “afeto-como-informação”. Ou seja, que nosso cérebro opera constantemente avaliando o contexto em que estamos inseridos e, quando algo importante é detectado, uma reação emocional é desencadeada. Essas emoções nos fornecem informações valiosas sobre o ambiente e podem ser usadas para melhorar nossa adaptação. Utilizar essas informações de maneira eficaz é um componente crucial da inteligência emocional. 

Cada pessoa possui uma capacidade de lidar com essas informações emocionais. A inteligência emocional pode ser amplamente definida como a habilidade de processar essas informações e usá-las de maneira favorável. Salovey e Mayer destacam que a inteligência emocional envolve a percepção das emoções, o uso delas para facilitar o pensamento, o conhecimento emocional e a regulação emocional. 

O primeiro nível da inteligência emocional, segundo esses psicólogos, é a capacidade de perceber emoções em nós mesmos e nos outros. Isso inclui a habilidade de expressar emoções e de avaliar a autenticidade das expressões emocionais alheias. Essa percepção é fundamental para a introspecção e para a formação de ideias coerentes com nosso estado emocional. Ela também promove a empatia, permitindo-nos compreender profundamente os sentimentos dos outros. 

Usar as emoções para facilitar o pensamento é a segunda faceta da inteligência emocional. Elas funcionam como um sistema de alerta que dirige nossa atenção e pensamento para informações importantes. Essa capacidade é essencial para a tomada de decisões e para nos ajudar a adaptar de maneira eficaz. Por exemplo, emoções positivas tendem a favorecer a atenção aos estímulos internos, enquanto emoções negativas podem direcionar nossa atenção para ameaças externas, ajudando-nos a reagir apropriadamente a situações potencialmente perigosas. 

Por fim, a regulação das emoções é a última faceta da inteligência emocional. Essa habilidade envolve monitorar, avaliar e utilizar o conhecimento sobre nossos próprios estados emocionais para mantê-los ou modificá-los conforme necessário. Isso nos permite escolher situações que promovam bem-estar e evitar aquelas que possam causar desconforto. A regulação das emoções também se estende ao controle das reações emocionais dos outros, o que pode nos permitir influenciar positivamente aqueles ao nosso redor. Desenvolver nossa inteligência emocional nos permite não apenas sobreviver, mas prosperar em nosso ambiente. 

E como aplicar tudo isso em sua vida, seja no local de trabalho ou na vida pessoal? Desenvolver inteligência emocional é uma coisa séria, envolve dedicação, seja em terapia, auto-observação, escutar atentamente o que as pessoas têm a dizer sobre você, receber feedbacks de mente aberta. E como todo processo de aprendizado, exige um tempo próprio, alguns tropeços que são inevitáveis, mas a perseverança deve prevalecer.   

Já trilhou essa caminhada? Compartilhe com a gente.