por Fabricio Vieira, facilitador de aprendizagem e fundador da Casa Movere
No cenário brasileiro, onde o transtorno de ansiedade alcança proporções alarmantes, a busca incessante por resultados imediatos tem moldado a relação das pessoas com o tempo. Em uma sociedade que valoriza a rapidez e a eficiência, tanto no ambiente profissional quanto nas esferas educacionais e afetivas, a pressão por sucesso imediato se faz presente. No entanto, é fundamental compreender que a jornada de aprendizado demanda tempo, maturidade e construção de relações sólidas de conhecimento e conexão emocional.
A investigação desse conceito teve seu marco inaugural com Hermann Ebbinghaus, psicólogo alemão, em 1885. Ebbinghaus concentrou-se na memória e nos ritmos de aprendizagem, estabelecendo os alicerces para futuras pesquisas. Desde então, psicólogos e pedagogos têm se debruçado sobre esse campo, com destaque para Noel Burtt, cujo trabalho identificou quatro fases cruciais nesse processo: incompetência inconsciente, incompetência consciente, competência consciente e competência inconsciente.
Etapas – A fase inicial, marcada pela incompetência inconsciente, se manifesta quando alguém se depara com novas tarefas cheio de entusiasmo, porém cometendo equívocos sem perceber sua inexperiência.
Logo, a incompetência consciente surge, revelando que é necessário aprender e adquirir competências para executar as atividades de forma adequada. Essa etapa traz uma percepção clara da necessidade de aprimoramento.
Com apoio e um ambiente acolhedor, as tarefas são realizadas de acordo com os padrões da organização. Esse período de aprendizado é classificado por Burtt como um platô de competência consciente. Por fim, a competência inconsciente é alcançada. Nessa fase, as atividades se tornam naturais, executadas com maestria e expertise. A pessoa domina plenamente suas responsabilidades.
A Curva de Aprendizado na Prática: A jornada de aprendizado é única para cada indivíduo e para cada contexto. Quanto tempo se leva para aprender algo é uma incógnita, determinada pela complexidade do empreendimento e pela qualidade do suporte oferecido. Embora a duração seja relativa, uma certeza permanece: o caminho até a competência inconsciente requer tempo.
Respeitar o percurso individual de aprendizado, proporcionar orientação e um ambiente acolhedor por parte dos gestores é um ativo valioso para qualquer empresa. Isso possibilita que os colaboradores atravessem todas as fases, culminando em profissionais excelentes e produtivos. Essa abordagem também favorece os funcionários, que adquirem autoconfiança para alçar voos mais altos.
Inúmeras organizações perdem talentos valiosos por não compreenderem as etapas da curva de aprendizagem. A expectativa de que um novo membro da equipe já seja perfeitamente apto pode resultar em desligamentos precipitados após os primeiros erros. Isso prejudica tanto a empresa, que desperdiça recursos investidos em recrutamento e seleção, quanto o profissional, privado da chance de desenvolver plenamente suas habilidades.
Respeitar as fases da curva de aprendizado, entendendo o valor do tempo investido, é uma estratégia sólida. Essa abordagem não apenas garante um processo mais consistente e seguro, mas também propicia ganhos mútuos para os colaboradores e as organizações. A pergunta que permanece é: a sua empresa está disposta a respeitar a curva de aprendizagem?
Fabricio Vieira é facilitador de aprendizagem, consultor de Recursos Humanos, coach certificado pela Escola de Coaches da EcoSocial e fundador da Casa Movere. Além de sua graduação em Tecnologia da Informação pela Universidade de Marília e de um MBA em Administração Estratégica de Empresas pela UNIBTA, atualmente, está cursando uma segunda graduação em Psicologia pela UNIP.