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por Ana Paula Moreno

Recentemente fui convidada para fazer uma roda de conversa com mulheres em comemoração ao dia da mulher. O convite: falar sobre Mulheres além do tempo.  

Eu tinha liberdade para pensar em qual caminho queria seguir dentro do tema. 

Topei, mas não tinha certeza sobre o que falar. O que é afinal uma mulher além do tempo? Como escolher estas mulheres? 

Fiz uma breve enquete com mulheres da minha rede que eu considero que são potentes e que teriam um tempo nesta rotina maluca para me responderem.  

Ouvi respostas maravilhosas como “eu acho que a mulher à frente do seu tempo fica incomodada com coisas que as demais não ficam, mas fazem alguma coisa a respeito”. Amei todas as contribuições, porém, a palavra além ainda me deixava no modo reflexão.  

Segundo o dicionário: “Além (adj) = Mais adiante, mais à frente, ao longe, bem longe.” 

Que mulheres são essas que estão adiante do nosso tempo, será que nós mesmas não somos mulheres além do tempo? Sem a pretensão de me comparar a Maya Angelou, Frida Khalo, Cora Coralina, Tarsila do Amaral e tantas outras que deixaram seu legado. 

Mas e a gente? Mulheres que vencem tantas batalhas todos os dias, não merecemos nosso selo de além do tempo?  

Se me perguntassem se aquela amiga que me acolheu, escutou, abraçou ou só chorou comigo em um momento difícil merece, eu diria que sim, ela levaria mil selos de além do tempo. 

Quanto vale a mulher que escuta, que tem afeto mesmo muito cansada, que é multitarefas, que dá e recebe colo porque é real se permite ser vulnerável? 

Ficamos buscando padrões, corpo, pele, status, moda. Mas seria isso o que faz com que a mulher seja além do tempo?  Vamos voltar às mulheres já citadas, por exemplo, Maya Angelou. O quanto ela se encaixa no padrão de beleza? De moda? De status social?  O que a tornou essa referência para tantas de nós (e quem não a conhece, dedique um tempo a conhecer). Sua voz doce, seu olhar que acolhe, sua sabedoria compartilhada com tanta humildade. 

Além do tempo, além do fútil, além do superficial. Ser para outras mulheres, como diria Cora Coralina “braço que acolhe, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia” 

Que legado queremos deixar por onde passamos? Qual nosso papel nesta jornada, dentro da nossa própria história? Penso que a resposta está dentro de cada uma de nós.  

Da minha parte fica o agradecimento às mulheres além do tempo da minha vida, que deixaram e deixam em mim sua marca de amor. Vocês me inspiram porque são como são, independente do nosso corpo que muda, da nossa pele que não tem mais tanto colágeno, dos nossos altos e baixos. Minha conclusão: somos mulheres além do tempo para alguém e devemos cuidar das marcas que deixamos.